quinta-feira, 7 de março de 2013

Pausa do Escritos Vertiginosos




É com um grande pesar que o Escritos Vertiginosos anuncia a todos os seus seguidores que entrará em uma pausa. Mas calma que a pausa é temporária. A ideia principal dela é que o blog seja modificado, arrumado, para se ter mais dinamismo e, ao mesmo tempo, para que eu possa fazer os preparativos para o lançamento do meu segundo livro.
Mas não se desespere porque eu não pararei de publicar textos, só não publicarei mais no Escritos Vertiginosos por enquanto. Entretanto, continuarei a postar em outros blogs e sites - como o Recanto das Letras e o Letras de Sangue, por exemplo - da mesma forma como era publicada anteriormente. E você poderá acompanhar tudo seguindo os referidos sites ou acompanhando pela página "Escritos em Outros Blogs", do próprio blog.
Não tem uma data prevista para retorno - pode demorar 15 dias, 1 mês ou até mesmo 4, 5 meses, mas a ideia é que até o meio do ano tudo se normalize. A todos os leitores, que acompanharam o Escritos Vertiginosos durante esses um ano e meio, muito obrigado, e espero ver vocês e a todos quando o blog voltar, com força total.
A todos, um forte abraço.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

TODOS CONTRA UM - VITA




Rafael de Oliveira era um rapaz de dezenove anos. Era um rapaz comum, embora fosse muito inteligente – mas não se gabava de tal fato – e um tanto estressado, o que tornou o seu maior problema quando se tornou amigo de figuras inesquecíveis, de tão surreais que são.

Como toda manhã, Rafael acordou cedo. Aproveitou a manhã ensolarada, com raios solares fracos, para dar uma bela caminhada por sua cidade. Estava atravessando o centro da praça próxima de casa quando avistou uma cena para ele bastante inusitada: avistou sua amiga Vita de Cássia - uma garota loira, magra, relativamente bonita, e que detém pouca inteligência – lendo um livro.
De tão surpreso Rafael estava que o rapaz sentou-se ao lado de Vita no banco e perguntou:
- É sério o que estou vendo? Está mesmo lendo?
Vita, que se encontrava absorta em sua leitura, assustou-se com a chegada repentina de Rafael. Tamanho o susto que a garota jogou o livro para cima, pegando-o em seguida.
- Que susto, Rafael. Quando chegar do nada, me avisa pelo menos.
- Desculpa. Não quis lhe assustar. – desculpou-se o rapaz – Mas é sério o que estou vendo? Você está mesmo lendo?
- Estou sim. Por quê?
Rafael mede a temperatura na testa de Vita.
- Você deve estar doente...
- O QUÊ?! – Vita se desespera. Rafael se constrange. – Ai, meu Deus! – a garota começa a gritar e a se debater, tamanho o desespero – Ai, meu Deus, só me faltava... eu estar doente... ai, meu Deus... – virou-se para Rafael, segurou seu braço e começou a sacolejá-lo – Eu estou doente, eu estou doente... eu vou morrer... eu vou morrer...
- Vita... – disse Rafael, segurando o braço de Vita, quando esta segurara o seu. Tentava acalmar a garota... - Vita, acalme-se... Vita... Vita... – percebendo que a garota não lhe escutava, Rafael interrompeu seu desespero com um grito – VITA!! – Vita se acalma – Foi uma piada... – Vita se alivia. – Mas, não posso negar o fato de estar surpreso por te ver lendo um livro... – Rafael fita a capa do livro – Olha, um livro de história. Bastante interessante. Está lendo o quê?
- Um livro de história.
Rafael fecha a cara.
- Eu sei que é um livro de história.
- Se sabe, por que perguntou?
Rafael se irrita. Entretanto, tenta se acalmar em seguida, respirando fundo.
- Estou perguntando qual passagem do livro você está lendo.
- Isso é a Bíblia, para ter passagem?
- NÃO! – Rafael gritou – Estou querendo saber qual a parte do livro que você está lendo...
- Ahhhhhhh... Capítulo XI, página 429.
Rafael respira fundo.
- Como que se chama o nome desse capítulo? É só isso que estou querendo saber...
- Ahhhhh... por que não falou antes? Chama-se “A Primavera dos Porcos”!
- Primavera dos POVOS! – corrigiu Rafael
- Foi o que eu disse!
- Por que você é assim, hein?
Vita fecha o livro.
- Papai e mamãe capricharam, né?
- Não! – Rafael meneia negativamente a cabeça – Definitivamente, não!
Vita fecha a cara, ficando mal-humorada, cruza os braços e disse:
- Me emburreci agora!
- Isso você fez no dia que você nasceu. Você se a-bor-re-ceu!
- Isso daí. – Vita continuou com o braço cruzado
Rafael se levanta.
- É melhor ir para casa comer alguma coisa.
- Está com fome?
- Não, com dor de cabeça.
Rafael parte do local.
- Mas, mas... – tentou argumentar Vita sobre a última fala proferida por Rafael, mas já era tarde; o rapaz já havia partido do local.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Frase do Dia

"O tempo, e somente o tempo, cicatriza feridas incicatrizáveis e olvida feridas inolvidáveis"

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Robôs



Gabriel adentrou no interior de uma empresa, onde constantemente se encontrava. Chegou ao balcão da loja e logo foi atendido por um senhor.
- Posso ajudar? – perguntou o sempre bem-educado senhor
O rapaz indicou o seu problema e o senhor saiu do balcão por alguns instantes para atender o seu pedido.
Enquanto o senhor se encontrava distante do balcão, Gabriel percebeu haver dois novos rapazes trabalhando na empresa. Eles se encontravam sentados ao lado do outro, cada um em sua própria mesa. À esquerda de um deles se encontrava uma pilha gigante de documentos. Os rapazes pegavam uma quantidade de documentos outrora separados, alinhavam-nos na máquina de furar papel, utilizavam-na e colocavam à esquerda da mesa. Em seguida, pegavam um carimbo, batiam na última folha da pilha, escreviam algo e assinavam. Depois, pegavam uma quantidade nova de documentos e repetiam o mesmo processo, infinitamente, em total sincronia, sem errar os movimentos mesmo em questão de segundos.
Gabriel achou estranho tal fato – os rapazes, novos, com olhares vítreos, distantes, perdidos no espaço, repetiam o mesmo movimento, em total sincronia, infinitamente. Tentando desfazer aquela situação, para ele irritante, Gabriel puxou conversa com os rapazes, enquanto o senhor não terminava de atender a seu pedido.
- Olha. Vocês são os novos empregados da loja?
- Sim! – respondeu ambos, em total sincronia, sem sequer desviar o olhar, desfazer a sincronia ou parar o movimento, nem por um segundo
Gabriel continuou a fitar o movimento dos rapazes, até o momento em que o senhor apareceu, com o seu problema solucionado.
- Obrigado! – respondeu Gabriel, antes de partir. Deu as costas, distanciou-se do balcão e partiu. Antes, porém, parou por alguns instantes, fitou novamente os rapazes. Continuavam repetindo os mesmos movimentos. Gabriel partiu.
- Coitados. Se tornaram robôs perante a empresa... sem expectativa... sem vida...

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Um Homem Totalmente Apaixonado




E lá estava eu novamente, naquela mesma situação. Fitava-a do outro lado da rua, no interior de sua casa, na janela de seu quarto, trocando de roupa. Eu não tinha desejos intensos por vê-la apenas portando roupas íntimas – por mais que seu corpo fosse incrivelmente belo -, mas sim por ela por si. Sim, eu sou mais um destes bobalhões apaixonados platonicamente por uma garota que nunca dará bola.
Eu não quis me apaixonar por ela – ninguém quer se apaixonar platonicamente por outra pessoa, é sofrimento demais, principalmente quando se é um nerd “quatro-olhos” lotado de espinhas e a garota é uma patricinha mimada -, mas, quem controla o coração? Não é a gente, pode apostar. Se eu controlasse o meu, ninguém que eu iria me apaixonar pela Vanessa – por mais que ela fosse bela e facilmente apaixonante -, certamente iria me apaixonar perdidamente pela Renata. A Renata não é uma garota tão bonita quanto a Vanessa – a Vanessa é uma escultura abundante, daquelas bastante belas, enquanto a Renata é uma garota simplória, que não deixa de ser atraente -, mas é uma garota simpática e compartilhamos alguns desejos, como a leitura contumaz e o gosto pelos estudos.
Disseram a mim, certa vez, que a Renata era, na ocasião, terrivelmente apaixonada por mim. Estranhei, a princípio, afinal, ter dezesseis anos, ser BV e bem nerd – o típico estereótipo nerd, com espinhas e óculos -, não faz nenhuma garota aproximar de ti com olhos apaixonados; senti-me um sortudo. E um bobalhão estúpido, afinal meu coração pertencia – e ainda pertence – à Vanessa, que me despreza terrivelmente.
- Por que, meu Deus? Por quê? – eu sempre me pergunto, todos os dias.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Uma Triste História de Amor




Falar sobre tudo que envolve essa parte de minha história de vida é muito doloroso para mim. Tem horas que não sei se aguentarei caminhar adiante, pois sempre vem, na minha memória, fragmentos dessa parte da minha história de vida, o que me faz desabar, sem forças.
Quando eu tinha catorze anos de idade, eu era um rapaz bastante atraente, modéstia parte – não era nenhum padrão de beleza, mas sempre havia uma ou duas garotas me galanteando. E, num dia qualquer, eis que surge, na minha vida, Jenniffer. Jenniffer era uma garota linda, com olhos azuis, cabelos alourados e curvas suntuosas – mesmo com a pouca idade. De imediato, tão logo a fitei pela primeira vez, meu estômago foi tomado por um mar de borboletas, que deixava o coração acelerado e o cérebro sem pensar de forma apropriada.
Tornei-me amigo de Jenniffer. E eu sentia por ela um carinho de irmão. Não a via diferente, pelo menos não naquela época. Rapidamente, tornamo-nos melhores amigos – daqueles de um dormir na casa do outro, e um ser extremamente chato com o outro. Como toda boa amizade entre homem e mulher, um dia a mesma iria ser convertida em amor. E a nossa bela amizade se tornou um amor verdadeiro em um dia ensolarado, quando tínhamos dezesseis anos. Estávamos ambos sentados debaixo de um carvalho gigante, perto da casa dela, após corrermos pelo gramado, como duas crianças. Trocamos nosso primeiro beijo ali, de uma forma inconsciente – apenas estávamos respondendo aos estímulos enviados pelo coração, por causa do novo sentimento que ali se aflorava.
Jenniffer, sem sombra de dúvida, foi a melhor namorada do mundo – sempre esteve do meu lado, me dando força ou parabenizando por minhas conquistas, como quando adentrei no meu curso de Direito, sempre que algo de ruim ou de bom invadisse minha vida. Todos falavam do carinho que a garota me dava, nos momentos ruins ou bons da vida. E eu tinha um amor incondicional por aquela garota.
Quando estávamos com vinte e dois para completar vinte e três anos, Jenniffer começou a reclamar de uma intensa dor no lado direito do corpo, pouco acima do quadril. Cremos, na época, que havia sido dor nos rins por falta de água – Jenniffer quase não ingeria líquidos. Durante dias, ela reclamava constantemente de dor na região, que era apaziguada pela ingestão de líquidos. Entretanto, no dia do meu aniversário de vinte e três anos, no meio da festa, eis que Jenniffer tem uma síncope, causada pela intensa dor nos rins. Assustados pela situação, levamos a garota para o hospital. E lá, após uma bateria de exames, veio a verdade reveladora: Jenniffer tinha câncer nos rins, em estado avançado.
Eu perdi completamente minhas forças. Entrei em um desespero esmagador, não sabia o que fazer. Só queria Jenniffer bem, ao meu lado, para sempre. Mas parecia que o “para sempre” havia se esvaído completamente.
Jenniffer começou a fazer quimioterapia, para tentar controlar o câncer que já estava na iminência de sofrer metástase. No início, ela foi relutante, pois não queria ficar sem o cabelo – além do mais, a quimioterapia iria arrancar-lhe suas forças. Eu disse a ela para não se preocupar, pois ela iria se recuperar para, posteriormente, nós voltarmos a sair, como sempre fazíamos.
Eu estava, na época, no penúltimo período do curso de Direito e meu cérebro estava praticamente todo ocupado pelo estágio na Justiça Federal e a monografia, que deveria apresentar no final do ano e o hospital, onde passava os fins de semana, ao lado de Jenniffer. Sua força se esvaía aos poucos – estava magra, seus olhos já não tinham mais aquela vivacidade que antes, seu rosto já não tinha mais a beleza de outrora e se encontrava sem cabelo, tendo em vista que o mesmo caíra por causa da quimioterapia.
Jenniffer percebeu que eu reparava como seu rosto perdera o encanto dos tempos belos.
- Estou feia, não é? – perguntou, acordando-me de meus devaneios
- Claro que não! – e realmente não a achava feia. Estava ainda bela, embora os seus olhos tristes me entristecessem – Você está bela!
- Pode falar a verdade... não está apaixonada por mim mais, não é verdade? Se quiser ir embora, pode ir... eu vou te entender... ninguém quer uma namorada doente ao seu lado, não é mesmo?
- Claro que não, princesa! – respondi. Afaguei os seus cabelos. Aquilo fez um tímido sorriso penetrar em seus lábios e olhos – Eu não vou largar você só porque você está doente. Eu já te disse, não disse? “Estarei sempre ao seu lado, para o que quer e vier”!
Jenniffer soltou um sorriso, embora seus pensamentos estivessem longe dali. Dei-lhe um singelo beijo em seus lábios, que foi correspondido por ela.
- Te amo, princesa! – eu disse
- Também te amo, amor! – respondeu Jenniffer, antes de me abraçar, da maneira como pôde

O tempo passou. Jenniffer foi apresentado piora no seu estado – a quimioterapia não surtiu efeito como esperado, suas forças se esvaíram praticamente por completo do corpo e o câncer se espalhou para os órgãos adjacentes. Segundo os médicos, a chance de melhora dela beirava o nulo. Aquilo me deixou desesperado, entristecido. Precisava acordar daquele pesadelo, entretanto, ele era real. Não sabia o que fazer.
E eis que o dia da minha formatura chegou. Eu não iria participar da festa – queria passar o maior tempo possível com Jenniffer -, entretanto, eu era obrigado a participar da colação de grau. Jenniffer foi aconselhada a não participar da colação, por causa do seu frágil estado de saúde. Deveria permanecer o tempo todo deitada, descansando, principalmente para não se sujeitar às intensas dores causadas pelo câncer, que comia o interior do seu corpo vorazmente.
A colação de grau já iria começar. Lá estávamos nós, todos portando becas. Conversávamos animosamente, apesar dos pesares. Repentinamente, para minha surpresa, à minha frente, surge uma silhueta. Era Jenniffer. Estava sentada na cadeira de rodas, com um tubo para facilitar sua respiração. Estava completamente frágil, magra, sem suas belas madeixas, com olhos tristes. Parecia exausta.
- Princesa? – perguntei. Sobressaltei-me ao vê-la ali. Desci rapidamente do lugar onde me encontrava e fui ao encontro dela.
- Ei, meu amor. – disse, com um sorriso no rosto, apesar da fraqueza.
- O que faz aqui? – perguntei, preocupado – Não deveria estar no hospital, descansando?
- E perder a formatura do meu amor? – aquilo foi como uma facada no meu peito. Derrubou-me por completo. – Não perco jamais.
Por mais que eu fosse bom em retórica, jamais iria derrubar aquele argumento dela.
- Tudo bem! – disse – Caso sinta alguma coisa, me avisa, que eu venho correndo te ajudar, certo? – continuei, com a eterna preocupação dos namorados para com sua respectiva namorada
- Certo! – respondeu Jennifer. Beijei-a na testa e parti para receber meu diploma.
E Jenniffer novamente se encontrava nos momentos mais felizes e tristes da minha vida. Por mais frágil que se encontrasse naquele dia, lá estava eu: vendo-me tornar um homem mais maduro, deixar de ser um menino estudioso e tornando-me um homem trabalhador.
Jenniffer sempre estava comigo, ao meu lado, para o que der e viver. E hoje lá está ela, novamente, ao meu lado, como um espírito guiando-me para o caminho certo. Um espírito bom, que se encontra ao meu lado para me proteger. Sempre.