sábado, 29 de setembro de 2012

O centenário de Padre Miguel


No dia 30 de outubro de 2011, quase um ano atrás, no próprio Escritos Vertiginosos, foi apresentado a todos a fantástica história de Padre Miguel Afonso de Andrade Leite, mais conhecido como Padre Miguel, considerado santo onde viveu – na região de São João del Rei, interior de Minas Gerais. E hoje, 29 de setembro de 2012, comemoram-se o centenário do nascimento do “santo” Padre Miguel, e o Escritos Vertiginosos, que conhece tal história e não deixa de considerá-la fantástica, faz sua própria homenagem ao Padre Miguel, arrolando os primeiros milagres realizados pelo padre em vida:
- Cura de febre aftosa benzendo sal;
- Cura de pragas em plantação de couve através de benção;
- Salvação de uma criança com uma farpa no estômago, apenas com um sinal da cruz;
- Cicatrização de diversas feridas, leves ou graves;
- Cura do dom da fala a uma criança;
- Transformação de água em vinho;
- Ressurreição momentânea de um homem, apenas para perdoar seu algoz;
entre outros tantos.

Padre Miguel foi, inquestionavelmente, um “santo”, que trouxe paz aos povos rurais de Minas Gerais da primeira metade do século XX e, por esta razão – e pelo fato de o dono do Escritos Vertiginosos ser da região onde Padre Miguel morou –, o Escritos Vertiginosos não poderia faltar em dar o seu parabéns por seu centenário ao padre milagreiro, ao padre simples, pobre, humilde, que salvou as pessoas em detrimento de si próprio.
Parabéns, Padre Miguel, e obrigado por tudo o que fez por essa terra. E o Escritos Vertiginosos espera, de coração, que logo, logo seus milagres sejam reconhecidos pela Igreja Católica e o senhor seja colocado em seu devido posto – de santo.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Perpétuos Desejos Depravados



Anseio vê-la à noite
Os seus cachos, lindos cachos
Percorrem o seu corpo suntuoso
E escondem a sua beleza

Desejos depravados tenho ao vê-la
Minha mão corre pelo seu corpo nu
E busca o seu mais íntimo desejo

Quem nunca sonhou assim antes?
Quem nunca se viu num mar de girassóis
Lado a lado com sua amada?

O seu corpo nu sobreporá o meu
E buscaremos juntos o mais humano dos desejos
O mais íntimo, o mais voraz
O mais feroz e o mais apaixonante

Desejos depravados perpétuos tenho
Quem nunca teve?
Quem nunca foi assim?
Quem nunca buscou-se ao fundo?

Perpétuos desejos incessantes do ser
Vejo-lhe o dia inteiro nua na minha frente
Espero-me horas para realizar-lhe
Escorre de mim o meu mais humano desejo
E aflora o meu instinto mais animal
Os perpétuos desejos
Perpétuos desejos depravados

- Menção Honrosa no Prêmio Letra Exótica Poesia e Conto

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O Fantasma da Sala




Raphael era uma pessoa desprezível: cria amizades e inimizades de acordo com seus interesses, inescrupuloso, corrupto, safado, pisava nas pessoas... era casado com Amanda, entretanto, duas pessoas por semana dormia na residência de Nathalia, sua amante.
Naquela sexta-feira, 13, Raphael se encontrava na residência de Nathalia. Depois de fazer amor com sua amante, Raphael deitara-se, sob as cobertas, nos braços da garota, na cama da mesma. Assistia TV. Repentinamente, desvencilha-se de sua amante e levanta-se.
- Aonde vai, amor? – perguntou Nathalia, com uma voz sensual, enquanto se ateava em arrumar os lençóis, a fim de cobrir seu corpo volumoso
- Vou ao banheiro! – disse Raphael. Apenas de cueca, caminhou em direção à porta do quarto e abriu-a. Ultrapassou-a e fechou-a as suas costas.
Ao sair do quarto, desembocou-se em um pequeno corredor, que saía, à frente, na cozinha, à esquerda, em um segundo quarto e, à direita, na sala da residência.
Caminhando em direção à cozinha, onde se encontrava a porta para adentrar-se no interior do banheiro, Raphael ultrapassou a entrada da sala. Esta não havia porta, a fim de bloquear a visão de seu interior.
De relance, o rapaz percebeu haver, além do costumeiro sofá e, à sua frente, na parede adjacente à porta, a TV, havia uma silhueta sentada no sofá, fitando a tela do aparelho. Naquele instante, sobressaltado, uma vez que a estranha silhueta era humana, parou. Postou-se a fitar, estarrecido, tal figura.
Parecia ser uma garota, de não mais do que dezoito anos. Tinha cabelos enegrecidos, que escondiam o seu rosto, e vestia uma túnica branca, desgastada pelo tempo.
- Quem... é... você?! – perguntou Raphael, temeroso, por estranha figura ter invadido a residência de sua amante
A garota virou o rosto em direção ao rapaz. A pele de seu rosto era incrivelmente branca, tão igual ou até mesmo superior à dos braços e pernas. As órbitas dos olhos eram tomadas pela escuridão.
Naquele instante, a estranha invasora abriu a boca como se gritara, embora não emitisse nenhum som. Sua boca igualmente fora tomada pela escuridão consistente em seus olhos, e o rosto da garota tornou-se algo medonho, demoníaco.
Um grito de Raphael tomou conta do cenário. Era um grito contínuo, carregado de medo e pavor. Nathalia, sobressaltada com tal fato, levantou-se, com um só salto, do alto da cama. Pisou em falso no chão e segurou-se para não cair. Desvencilhou-se do lençol que lhe prendia e caminhou, nua, em direção à porta, às pressas, gritando pelo amante.
Tentou abrir a porta, entretanto, a mesma se encontrava trancada. Nathalia estranhou tal fato, pois não havia chaves na fechadura. Tentou girar a maçaneta, todavia, sua mão se encontrava suada, por causa do desespero, o que dificultava tal trabalho.
O grito de Raphael cessou. O coração de Nathalia parou em seu peito. A porta se abriu. Por um instante, a garota estranhou tal fato, contudo, não havia tempo para analisá-lo. Saiu do quarto e postou-se frontalmente ao corredor. Vazio, completamente vazio.
Nunca mais alguém, nem Nathalia, nem Amanda, nem ninguém, viu ou ouviu falar em Raphael...