quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Robôs



Gabriel adentrou no interior de uma empresa, onde constantemente se encontrava. Chegou ao balcão da loja e logo foi atendido por um senhor.
- Posso ajudar? – perguntou o sempre bem-educado senhor
O rapaz indicou o seu problema e o senhor saiu do balcão por alguns instantes para atender o seu pedido.
Enquanto o senhor se encontrava distante do balcão, Gabriel percebeu haver dois novos rapazes trabalhando na empresa. Eles se encontravam sentados ao lado do outro, cada um em sua própria mesa. À esquerda de um deles se encontrava uma pilha gigante de documentos. Os rapazes pegavam uma quantidade de documentos outrora separados, alinhavam-nos na máquina de furar papel, utilizavam-na e colocavam à esquerda da mesa. Em seguida, pegavam um carimbo, batiam na última folha da pilha, escreviam algo e assinavam. Depois, pegavam uma quantidade nova de documentos e repetiam o mesmo processo, infinitamente, em total sincronia, sem errar os movimentos mesmo em questão de segundos.
Gabriel achou estranho tal fato – os rapazes, novos, com olhares vítreos, distantes, perdidos no espaço, repetiam o mesmo movimento, em total sincronia, infinitamente. Tentando desfazer aquela situação, para ele irritante, Gabriel puxou conversa com os rapazes, enquanto o senhor não terminava de atender a seu pedido.
- Olha. Vocês são os novos empregados da loja?
- Sim! – respondeu ambos, em total sincronia, sem sequer desviar o olhar, desfazer a sincronia ou parar o movimento, nem por um segundo
Gabriel continuou a fitar o movimento dos rapazes, até o momento em que o senhor apareceu, com o seu problema solucionado.
- Obrigado! – respondeu Gabriel, antes de partir. Deu as costas, distanciou-se do balcão e partiu. Antes, porém, parou por alguns instantes, fitou novamente os rapazes. Continuavam repetindo os mesmos movimentos. Gabriel partiu.
- Coitados. Se tornaram robôs perante a empresa... sem expectativa... sem vida...

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